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O “parto” da sexualidade

ARTIGOS

07/08/19 por Clínica DiálogoAmor e Relacionamento

Entenda o nascimento da sua sexualidade para prevenir complicações

O “parto” da nossa sexualidade é sempre de alto risco. Podemos abortar, ter depressão pós-parto, eritroblastose fetal, parada cardíaca, cordão enrolado etc. Não é nada fácil para nossa sexualidade nascer. Tudo isso porque, diferente dos outros mamíferos, nós imaginamos as coisas. Esta capacidade cognitiva nos permite viver o que jamais seria vivido. Em muitos casos é uma enorme vantagem, mas para a sexualidade é um risco. Sua imaginação pode levar você ao céu ou, infelizmente, ao inferno.

Aliado a isso, temos nossa querida evolução que, ao longo de alguns mil anos, selecionou indivíduos simplesmente fascinados por padrões. Tudo que se repete, qualquer coisa que seja semelhante e qualquer forma de conclusão ou explicação que cartesianamente se encaixe na formula do “SE~ENTÃO”, chamará nosso olhar como feromônios lascivos por atenção. Sabemos que isso é bom, mas também é nosso “calcanhar de Aquiles”. Tudo porque, quando não encontramos a resposta, podemos cair no equívoco de acreditarmos estar diante de um erro da natureza.

Com a sexualidade não é diferente. Para que ocorra tudo bem no “parto”, precisamos estar alinhados com algumas questões. Então, vamos ao checklist para o nascer de uma sexualidade sadia: seus desejos devem estar alinhados com o da maioria do seu bando; você não pode imaginar coisas diferentes do que o seu líder religioso ensina; sua criatividade deve seguir os mesmos padrões da região que você nasceu. O mesmo se aplica para o momento histórico: seus desejos devem ser sempre contemporâneos. Além de tudo isso, você deve ser totalmente compatível com sua família (pai e mãe). Se tudo isso se encaixar, parabéns! Sua sexualidade nascerá linda e crescerá saudável e feliz.

Todavia, temos aqueles casos onde alguns desses pontos não se encaixam. E como adoramos padrões, vamos padronizar em “disfunções sexuais”. Note que não há necessariamente um problema na padronização, de forma alguma. Padronizar possibilita estudar e compartilhar de forma eficiente e precisa. Contudo, o senso comum não é abastecido com todos os estudos realizados. Aqui nascem os mitos, crenças, regras, medos, ou seja, vários nomes para uma mesma coisa, descrições equivocadas de eventos.

Então, apesar de termos algumas formas de identificar claramente que não há qualquer deficiência relacionada à vascularização peniana, ou qualquer problema referente a lubrificação vaginal, ainda assim, temos o conflito relacionado a religião, família, cultura, ou outras crenças paralisantes. Se você sente que sua sexualidade passou alguns dias na UTI depois de nascer, não se preocupe. Psicólogos estudam para lhe ajudar a cuidar dela.

 

Thiago Nogueira – Psicólogo – CRP 01/18762

Texto publicado no portal Brasília Capital em 01/03/2018.