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Violência na escola e perfil psicológico dos agressores

ARTIGOS

03/05/18 por Clínica DiálogoJovens e Adolescentes

Como deter crimes no lugar em que devíamos acreditar que nossas crianças estão seguras?

Adolescente de 16 anos é morta a tiros dentro de escola em Alexânia. A manchete escancarada na mídia nesta semana, após a tragédia na cidade goiana do Entorno, a menos de 100 quilômetros de Brasília, tornou-se mais uma entre várias outras vistas recentemente. A pergunta que se impõe é: “por que?”.

Por que estudantes, muitos deles menores de 16 anos, têm cometido crimes assim? Por que a escola não tem conseguido evitar a entrada de armas? Como chegamos a esse ponto?

Do ponto de vista psicológico, e considerando que aqueles que cometem esses crimes são adolescentes, e, em alguns casos, crianças, precisamos entender que, inevitavelmente, encontraremos sofrimento, tanto nas famílias da vítima e do agressor, quanto nos próprios.

Sob o aspecto cognitivo, as funções executivas dessa idade ainda não se estruturaram completamente. Seus sofrimentos aparentam ser mais intensos e definitivos do que o são na realidade. Acreditam que aquilo que estão passando não é temporário, tomando atitudes drásticas para que a dor cesse de forma imediata.

A pergunta se volta, então, para como estamos cuidando do emocional das nossas crianças. Apesar da importância da família nessa construção, não podemos retirar o papel das escolas. Estas têm focado em conteúdos, como matemática e português, e esquecem que ali existe um ser em evolução, que precisar aprender a lidar com suas emoções.

Se entendermos que os jovens, além das preocupações com notas, também se preocupam com questões como “de quem gosto”, “como me vejo” ou “tenho me sentido excluído”, talvez compreendamos como notícias assim tornam-se cada vez mais frequentes.

Cuidando de forma mais próxima desses alunos tão jovens, conseguiremos entender seus conflitos, compreender seus motivos (bullying? Paixões não correspondidas?) e, então, premeditar ações ruins e impulsivas, evitando, assim, tais tragédias.

Se esses alunos tivessem sido instruídos a trabalhar seu emocional, debatendo sobre tolerância à frustação como se sentem no colégio e em suas vidas, talvez pudéssemos evitar que crianças e adolescentes adoecessem psiquicamente.

A resposta talvez esteja em olharmos com mais atenção para cada aluno que passa por nossas escolas. Tendo esse olhar especial, poderíamos impossibilitar, antes de tudo, que aluno algum entrasse com armas no colégio.

Precisamos, enfim, acreditar que a escola ainda é um lugar seguro. Considerando que a estrutura emocional parece ser a resposta desses atentados, precisamos dar o pontapé inicial, fazendo com que, principalmente, nossos alunos se sintam seguros e verdadeiramente acolhidos.

Luana Ribas – Psicóloga e Psicopedagoga  – CRP: 01/16527

Texto publicado no portal Brasília Capital em 09/11/2017.